quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Carta a um menino solitário... - Festa no Covil




Tochtli,

fico triste por você não poder conhecer mais pessoas... Também gosto dos franceses, mas não porque inventaram a guilhotina, gosto de sua literatura. Seu tutor não te apresentou seus escritores. Pois são o melhor que a França tem para mostrar ao resto do mundo. Também gosto de chapéus, mas não tenho uma coleção como a sua. Quem sabe um dia seu pai permite que eu vá ao seu palácio e conheça sua coleção. Também gostaria muito de ver sua coleção de animais. Você possui muitas coisas... Ainda há algo que deseja além do que seu pai pode comprar? Eu conseguirei para você... Minha criança, eu poderia ser sua mãe, mas assim não aconteceu. Quem sabe um dia não te levo para conhecer o mundo?

Anna 
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terça-feira, 28 de janeiro de 2014

A garota das cicatrizes de fogo - Ricardo Ragazzo



Ricardo Ragazzo
A garota das cicatrizes de fogo
Novo Século
255 pgs.

Quando o livro “A garota das cicatrizes de fogo” chegou, fiquei muito animada, pois gosto muito de livros policiais (pelo menos assim me pareceu pela sinopse), mas ao longo do livro descobri que tinha me enganado. Na verdade, ele possui sim traços do romance policial, mas também possui uns traços de fantasia.

Duas histórias se entrecruzam. Johnny Falco passa por uma tragédia onde sua esposa é encontrada por ele em quase estado de putrefação. Seu corpo está ressecado, somente se vê pele e osso. Todos os seus órgãos se liquidificaram. Sua única filha Diana desaparece no mesmo dia. Lisa Gomez é uma menina que também passa por uma tragédia, onde aos dez anos teve oitenta por cento do seu corpo carbonizado por um homem totalmente desconhecido. Seis anos depois, a menina descobre que todas as suas cicatrizes simplesmente desapareceram. Os caminhos dos dois irão se entrecruzarem...

O autor inicia a história na terceira pessoa, mas ao longo do livro, a narração se alterna entre o ponto de vista do Johnny Falco e da Lisa Gomez. Apesar de parecer confuso, deixou a narração ainda mais interessante. O leitor pode perceber como a história se desenrolava em vários pontos dela ao mesmo tempo. Achei bastante parecido com romances norte-americanos contemporâneos que se utilizam dos recursos do cinema.



O enredo é muito bem construído. As amarras feitas pelo autor para costurar as duas histórias, aonde logo depois irão se entrecruzar são bastante seguras.

Os personagens foram construídos sob apenas um aspecto das suas personalidades. E foi muito bom para a narração, pois a história possuía um ritmo que personagens mais complexos iriam somente atrapalhar. Não consegui me sentir próxima aos dois personagens protagonistas. Eles conseguiram ter a minha compaixão, mas não minha aproximação. O Johnny me comoveu por ser um pai desesperado pela filha. Sua dor me emocionou durante toda a leitura. Já Lisa, no início também me comoveu pela tragédia que viveu, mas quando suas cicatrizes sumiram, ela mostrou-se uma garota mimada e fútil como tantas outras na mesma idade. Somente Alex, garoto que aparece no meio da história me apaixonou. Sua doçura e mistério me fizeram torcer para que ele aparecesse mais durante a história. 

Não gostei da ambientação, pois os nomes dos personagens eram estrangeiros e o espaço usado na trama pareceu ser norte-americano. Talvez tivesse me aproximado mais se conseguisse ver o Brasil na narração.

A edição da Editora Novo século foi muito bem feita. Adorei as folhas iniciais na cor preta. Mas não sou muito fã de capas com pessoas. A letra também é de um tamanho bastante confortável. Gostei muito, apesar da capa.

O final foi o que mais me surpreendeu. A sutileza da solução final foi muito bem escrita, me deixando sem fôlego. A garota das cicatrizes de fogo é um livro para aqueles momentos em que você quer histórias dinâmicas e com um ritmo bem mais rápido. Um enredo bem construído e com cenas muito divertidas. Gostei muito!
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sábado, 25 de janeiro de 2014

Festa no Covil - Juan Pablo Villalobos




Juan Pablo Villalobos é um nome de muita promessa na Literatura. Nascido no México, mas morando atualmente no Brasil. Seu primeiro romance “Festa no Covil” foi lançado originalmente na Espanha, lançado no Brasil em 6 de fevereiro de 2012 pela Companhia das Letras.

Tochtli é um menino que vive em um palácio cercado de luxo e mimos, mas sem poder sair do mesmo por ser filho de um chefe do narcotráfico mexicano. O menino é que empresta sua voz para que nós leitores conheçamos sua vida. Ele pretende nos contar como conseguiu o que mais desejava: hipopótamos anões da Libéria. Mas na verdade entramos no mundo onde o garoto vive. Um lugar onde a violência é presenciada por todos os seus moradores.

O primeiro livro do autor me comoveu muito. Tochtli narra com bastante inocência as situações que presencia. A doçura do menino apaixona os leitores logo no início do romance. Sua doçura contrasta diretamente com a dureza do seu pai e com a solidão que a criança sente. Ao ouvir uma notícia na televisão onde uma cabeça cortada é apresentada na tela, o menino percebe o desarrumado do cabelo do cadáver. A violência é percebida por ele como algo bastante banal. 

A primeira informação que temos sobre o personagem-narrador é que ele é considerado precoce por conhecer palavras difíceis. Ele nos fala quais são as palavras que conhece logo no primeiro parágrafo. São estas: sórdido, nefasto, pulcro, patético e fulminante. Também usa essas mesmas palavras para descrever tudo o que presencia. Elas são bastante vezes repetidas durante a narrativa, mostrando um traço muito comum em crianças da idade de Tochtli, repetir palavras recém descobertas.

A linguagem usada pelo autor também me encantou. Em algumas cenas em que a violência é bastante crua, a inocência de Tochtli destoa claramente do lugar em que vive e das pessoas com que convive. A naturalidade com que o garoto fala, por exemplo da surra dada a um homem que vê em casa, nos mostra o trabalho minucioso do autor com cada palavra.

A doçura com que Tochtli narrava sua vida também lembrou-me bastante do filme “A vida é bela”, onde um pai também transforma a dureza da realidade de um campo de concentração em uma brincadeira. Essa doçura só seria conseguida com a narração feita por uma criança, no caso do romance.

E a capa? Simplesmente é a capa mais linda que já vi. Ela foi a primeira coisa que me cativou. As imagens e figuras remetendo ao México, país que amo, são lindas. E a imagem imitando xilogravura, arte utilizada também nos cordéis do meu Nordeste. A cor laranja também chamou atenção. Enfim, ela está perfeita!


A edição da Companhia das Letras apaixonando nós leitores, com além da capa, com o papel amarelado e a letra de um tamanho perfeito. Festa no Covil foi uma experiência literária absolutamente nova.

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sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Book Tours - Ricardo Ragazzo


Oi Gente,

Como vocês sabem estou em busca de conhecer novos autores brasileiros contemporâneos, assim resolvi participar de dois book tours com os livros do autor Ricardo Ragazzo. Assim, posso conhecer a obra do autor e também o próprio.



Ricardo Ragazzo possui formação como Bacharel em Direito pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, mas trocou de ramo antes mesmo de se formar, vivendo hoje como administrador de empresas. Em 2011 escreveu o thriller de suspense intitulado “72 Horas para Morrer” publicado pela Editora Novo Século. Em seguida, publicou "A Garota das Cicatrizes de Fogo", sua segunda obra. Atualmente trabalha em seu terceiro livro e no projeto "Plots", um baralho que visa o ensino de storytelling para crianças e adolescentes.



Em um dos book tours, lerei sua primeira obra. O “72 Horas para Morrer” nos mostra que pior do que conhecer um Serial Killer, é um Serial Killer conhecer você! “O Carro pertence à sua namorada.” Com essas palavras, Júlio Fontana, delegado da pacata cidade de Novo Salto, tem a vida transformada em um inferno. Pessoas próximas começam a ser brutalmente assassinadas, como parte de uma fria e sórdida vingança contra ele. Agora, Júlio terá que descobrir a identidade do responsável por esses crimes bárbaros, antes que sua única filha se torne o próximo nome riscado da lista. 72 Horas para Morrer é uma corrida frenética contra o tempo, que prenderá o leitor do início ao fim.



No segundo, lerei “A Garota das Cicatrizes de Fogo”. Nessa nova viagem, Johnny Falco recebe uma pista, depois de quatro anos, que pode ajudá-lo a desvendar o caso do desaparecimento da filha e a misteriosa morte da esposa. Um homem aparece morto com as mesmas características inexplicáveis de sua mulher: O CORPO NÃO PASSA DE UM ESQUELETO COM PELE. Seis anos após ter 80% do seu corpo queimado em um atentado, Lisa Gomez acorda em um hospital com uma incontestável diferença: TODAS AS CICATRIZES DE SEU CORPO DESAPARECERAM! E quando o destino dos dois se cruzarem na pequena cidade de Valparaíso, ambos descobrirão que as tragédias que cercam suas vidas estão muito mais interligadas do que poderiam imaginar.


Estou ansiosa pelas leituras! Esperem pelas minhas impressões em breve! Espero que gostem tanto quanto eu estou gostando de conhecer mais um autor da Literatura Brasileira Contemporânea. Aguardem!

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quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

O Pescaria - Grupo literário de Varjota - CE



Oi Gente!

Vim contar para vocês sobre um grupo que conheci que me encantou, ou melhor me “pescou”. Ficou curioso para saber sobre o que estou falando? Pois venha junto comigo conhecer o Pescaria, grupo literário da cidade de Varjota, que possui o objetivo de pescar indivíduos para as letras e a arte, oferecendo como alimento a liberdade e o saber.

O grupo surgiu em novembro de 2012 quando Mailson Furtado ganhou a oportunidade de lançar seu primeiro livro chamado Sortimento, na Bienal Internacional do livro em Fortaleza. Naquele ano, as discussões giravam em torno da Padaria Espiritual, movimento literário que deu origem a Academia Cearense de Letras. As trocas ocorridas no evento fizeram com que os participantes do projeto, no caso autores, decidissem pela criação do grupo. Dentre os nomes desses autores estão: Mailson Furtado, Felipe Ximenes, Otávio M. Silva, Erasmo Portavoz, Phelipe Gomes, Magnel Carvalho, Yane Cordeiro, Bruno Trajano, Mara Alves e Erineu Ferreira.

O nome do projeto remete ao símbolo da cidade, o Peixe, pois a cidade tem como principal atividade econômica a pescaria. O Pescaria tem como inspiração a padaria espiritual, apesar de possuir ideologia distinta.


Dentre os planos do projeto estavam a criação de um jornal que leva o mesmo nome, onde funcionaria como o meio de comunicação do grupo. O jornal teve sua primeira edição lançada em março de 2013, na Semana de Poesia organizada pelo Movimento Cultural de Varjota. O projeto consiste em encontros nas manhãs de sábado para discutir os mais diversos temas e difundir a arte e a literatura a todos os que precisam, à margem do Rio Acaraú em Varjota – CE. E são todos abertos ao público. 

Maiores informações sobre o projeto e os textos publicados: http://opescaria.blogspot.com.br/p/o-pescaria.html.


Espero que tenham gostado do projeto! Estou com bastante vontade de ir conhecer os encontros. Quando isso acontecer, também irei mostrar para vocês. E aguardem entrevistas com os participantes, irei fazer pelo menos com dois participantes. Esperem também alguns textos criados pelos autores participantes.



Fonte das informações: http://opescaria.blogspot.com.br/p/o-pescaria.html
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terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Três mortes - Tolstoi #1 Conto



A morte é um dos temas mais recorrentes na obra de Tolstoi. Este que é um grande nome da Literatura Russa. Uma das primeiras aparições do tema foi no conto “Três mortes”, localizado no livro O Diabo e outras histórias e publicado pela Editora Cosac Naiffy. Em uma edição lindíssima em capa dura, papel amarelado e mais duro. Traduzido direto do russo por um grupo de ex-alunos da USP supervisionados pelo Paulo Bezerra, respondendo também pela seleção e apresentação. (fonte: Site da Cosac Naiffy).
O conto descreve a morte de três seres: uma mulher aristocrática, um homem servo e uma árvore. O fim inevitável é percebido de forma diferente pelos três seres. O narrador que nos apresenta a situação de cada um nos fala em terceira pessoa, mas nos mostra os sentimentos e pensamentos de cada ser.
A mulher aristocrática apresenta a necessidade de um ritual ao descobrir a morte que viria. Ela não aceita, obriga o marido a abandonar a casa e os filhos para juntos irem em busca da cura que de nada adiantará. Seu marido e o médico em vão tentam mostrá-la que o fim chegou. O ritual católico de perdão não alivia de forma alguma esse momento visto pela jovem mulher como desesperador.
Já o servo já espera pela morte de uma forma mais tranquila, mais serena. Pois sua religião é o natural. Este não espera uma vida no outro mundo. Espera apenas terminar o ciclo de sua vida. Apesar de ainda se agarrar aos seus pertences, podemos constatar um maior desprendimento, já que este não possui mais nada. Sua vida só valia enquanto tinha força de trabalho.
A Árvore morre de uma forma natural. Observando o fim de um ciclo. Ela já sabe que o fim virá, não importa quanto tempo demore. Sua morte é lenta e bela. O tempo parece não existir para esse ser que espera pelo descanso.
A morte nas obras de Toltoi trata-se de um momento em que outro ciclo precisa recomeçar. E apenas cabe aos envolvidos aceitar. Este momento pode ser belo e sublime como a morte da árvore em uma tarde de primavera, mas também pode ser difícil e doloroso como o inverno e a morte da aristocrática.
A crítica ao Cristianismo vazio é revisitado pelo autor também em outras de suas obras, mas em Três mortes aparece de uma forma bastante sutil. Mostra como as pessoas fingem acreditar nesta outra vida, mas querem ficar enraizadas nesse mundo sempre por mais tempo.

A forma como vamos encará-la depende de nossas crenças e valores, mas penso que a forma bela de morrer de uma árvore nos traz lindas lições. A morte deve ser encarada como algo natural e esperado. Se iremos conhecer outros mundos depois dela, não nos interessa agora. Somente devemos esperar morrermos em uma bela tarde de primavera...
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segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Conversas ao entardecer... #1 Leituras e projetos!



Oi Gente,

Senti falta de algo mais íntimo no meu contato com vocês, então resolvi iniciar uma série de "conversas" sobre assuntos aleatórios. A conversa de hoje será sobre meus novos projetos. 

Sei que vocês estavam acostumados a me ver lendo uns sete livros por mês (o que não aconteceu em dezembro, eu sei), mas depois de conhecer o projeto Para ler como um escritor da Juliana Brina, do blog O pintassilgo e também do vlog O pintassilgo repensei sobre alguns dos meus hábitos de leitura. Este consiste em acompanhar as indicações dadas pela autora Francine Prose do livro Para ler como um escritor. Eu já conhecia o livro e o método de leitura descrito e defendido pela autora como indicação de um professor da universidade. Mas ele não tinha conseguido me tocar. Apaixonei-me pelo projeto da Juliana assim que o vi. E pensei será que meu ritmo não está rápido demais? Será que uma leitura mais atenta e lenta não me traria mais satisfação e experiências diversas? Assim, resolvi que além de tentar realizar o projeto criado pela Ju, também irei diminuir meu ritmo de leitura. Vocês verão menos livros lidos, mas em compensação terei mais tempo para elaborar textos mais profundos. Sinto falta de textos mais elaborados aqui no blog. 

Também estou pensando na ideia de escrever ensaios diversos acerca de temáticas literárias ao passo que irei fazendo meus estudos na área. Sei que nem todo mundo que acompanha o blog interessa-se pela parte acadêmica da Literatura, mas espero poder conversar sobre os mesmos com colegas da área e interessados em geral. Irei também escrever e resenhar também sobre livros da área. A ideia é buscar um contato mais intimo com quem interessa-se pela pesquisa da Literatura. Mas nada será tão rígido que se torne chato. A ideia não é essa, mas é conversar um pouco também sobre essa minha paixão, que não deixa de ser também sobre livros. 

Pensei muito em participar de desafios literários este ano, mas infelizmente percebi que não iria conseguir acompanhar por não possuir muitos livros ainda, e por precisar adiar mais compras esse ano. Então, além de ler todos os livros que já possuo, vou começar a ler mais livros da biblioteca da universidade que estudo. Um dos meus projetos também é ler mais contos, gênero que tanto amo, e poesia, gênero que tenho pouco contato. 

Ao acompanhar o vlog Tiny Little Things e blog com mesmo nome da Tati Feltrin, pensei em fazer meses temáticos por autor também, pois gosto muito da forma como a Tati Feltrin organiza suas leituras. Esse mês, estou lendo Tolstói. Pretendo continuar com ele em Fevereiro também, pois esse mês acabou sendo muito complicado por ser início de ano. Assim, li menos do que gostaria. 

Outra ideia será organizar também minhas leituras por lugares. A linda da Denise Mercedes, do blog Cem anos de Literatura e do vlog do mesmo nome também, falou tanto sobre Literatura Latina que me fez querer muito conhecê-la, já que tenho essa herança cultural e não conheço muito. Então irei começar uma série de leituras de autores latinos. 

Além de todos esses projetos penso em começar com os videos também. Isso mesmo, o Viagens Esquizofrênicas a Lua irá virar vlog também. Será mais uma forma de nos conectarmos e continuarmos a conversar sobre nossas leituras.

Como viram estou muito animada com esses projetos. Espero que vocês tenham gostado das mudanças e das novidades. Me contem nos comentários o que vocês acharam. E esperem mudanças no visual do blog também...

Beijos
Anna
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quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Carta a vampiro sensivel... - Entrevista com Vampiro - Anne Rice




Louis,

Sei das mudanças que ocorreram na sua vida, mas você precisa se acostumar... Não tem volta. Você já está morto. Sei que Lestat é difícil de lidar... Tem momentos que nem eu consigo ficar muito tempo próxima a ele... Desculpe se estou a um tempo longe de você, mas não suporto aquela garotinha que você resolveu transformar em imortal. Você já percebeu a maldade daquela menina? Tenho um certo medo dela. Você tem visto o Armand? Ou ele também não suporta a criança? Ele é um doce. Um dos poucos imortais que conheço que valem a pena... Ele me convidou para ver a Rússia, mas sei o quanto você precisa de mim aqui. Alguém precisa ter atitude, enquanto você filosofa ou entra em crises de identidade. Desculpe, não quis ofender, mas estou cansada de não ter alguém para cuidar de mim... Sei que não é a sua intenção. Você é gentil demais para me maltratar por vontade própria. É tudo culpa daquela garotinha. Até já esqueci o nome dela. Deixe-a e poderemos ir conhecer a Rússia com Armand...

Anna
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segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Tristezas da lua - As Flores do Mal - Charles Baudelaire



"É noite, a lua sonha ainda mais preguiçosa;
Tal como uma beldade em muitos travesseiros,
Que afaga com a mão distraída e dengosa,
Antes de adormecer, o contorno dos seios,

No dorso acetinado das moles nevadas,
Moribunda, se entrega a longas aflições,
E lança o olhar a brancas visões já passadas
Que sobem pelo azul tal como florações.

Às vezes nesse globo, em seu langor passiva,
Ela deixa escorrer a lagrima furtiva,
Um poeta piedoso, do sono inimigo,

Na palma da sua mão pega essa gota rala,
De brilhos irisados, fragmentos de opala,
E a põe no coração, do olhar do sol ao abrigo." (p. 86)

Fonte: BAUDELAIRE, Charles. As flores do mal. Tradução: Mario Laranjeira. São Paulo: Martin Claret, 2011.
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domingo, 12 de janeiro de 2014

O mundo de Sofia - Jostein Gaarder




Jostein Gaarder mistura literatura e filosofia no romance que iria fazer sua fama no mundo da literatura. Sofia é o nome da garota que recebe um envelope muito estranho endereçado a ela, mas sem remetente.

A menina começa a receber um curso de filosofia por correspondência. A cada carta recebida, Sofia descobre ideias e mundos completamente novos. Mas quem seria esse professor?

Em meio as situações do cotidiano, Sofia ia além... Conhecia pensadores como Sócrates, Platão, Kant, Marx, Freud. E a cada encontro, Sofia ia além... 

Sofia era uma garota curiosa, mas um curso de filosofia mudou sua vida... E mudou a minha também. Li O mundo de Sofia pela primeira vez quando tinha 15 anos, a idade de Sofia. E me apaixonei pelo maravilhoso mundo das ideias. Agora, já com 28 anos, voltei a base do pêlo do coelho.

O final de O mundo de Sofia é surpreendente. O autor me encantou com suas histórias cheias de magia, mas em um mundo como o meu. Sempre que lembro do final fica em estado de êxtase.

A edição da Cia das Letras é linda. A capa lembra-me como sempre imaginei que seria a mesa da minha biblioteca. O papel não é muito fino (Não sou muito cuidadosa nesse sentido). A letra tem um tamanho bom. E o papel é amarelado. Linda edição para que eu tivesse um Mundo de Sofia para chamar de meu.

Livro recomendado para adolescentes e para adultos, cada idade de traz uma nova percepção desse mundo. E através do Mundo de Sofia, você encontra o seu próprio mundo também.
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sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

Agradecimento muito especial!


Gente,
peço licença a vocês para fazer um agradecimento muito especial, que eu já devia ter feito há muito tempo. Primeiro vou contar uma história para vocês. Sofro de depressão desde os meus 11 anos. Mas a maior parte do tempo consigo lidar. Não tomo remédios, já fiz terapia. Na minha família tem um histórico de outras pessoas que já passaram por isso também. A minha primeira crise foi aos 17 anos por conta de um primeiro relacionamento. Ainda não tinha estabilidade emocional nem para um namoro saudável, quanto mais para um problemático. Comecei a definhar e a perder o brilho dos meus olhos. No meio do ano passado, sofri uma decepção muito grande com uma menina de 16 anos que eu havia acolhido por problemas na família. Não vale a pena nem contar o que aconteceu. Mas juntando isso a um assalto que sofri, passei a ter crises de pânico. Minhas crises depressivas haviam voltado. Como uma forma de tentar amenizar a situação, resolvi iniciar o blog. E qual não foi minha surpresa com o acolhimento de muitas pessoas. Minha alegria de viver está voltando aos poucos. Sei que quando conversam comigo, não parece, mas a gente aprende a esconder a dor. Minha admiração pela Denise Mercedes já existia por conta do blog e do vlog dela. Resolvi mandar um recado e dizer o quanto ela foi importante na minha melhora. E minha surpresa foi que ela respondeu muito rápido. Ela é muito gentil e acolhedora. O livro que vocês viram no inicio da postagem foi um presente dela que aproveito esse espaço para agradecer não só o livro, que estou lendo e está me ajudando bastante, mas também ao carinho e atenção dela. É muito bom saber que ainda existem pessoas como ela, depois de ter conhecido tantas que não valem a pena citar. 

Enfim, toda essa conversa foi feita, apenas para contar a vocês da maravilhosa pessoa que é Denise Mercedes. Autora do blog Cem anos de Literatura e do vlog Denise Mercedes. Meus mais sinceros agradecimentos, principalmente pelo seu carinho.

Anna Lua
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quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

Carta a outra Alice... - Presságio - Assassinato da freira nua - Leonardo Barros


Alice,

acredito em você... Também vejo coisas... Porque será que as pessoas nunca acreditam no que dizemos? Os mundos que nossos olhos vêem não possuem acesso para todo mundo. Quando descobri a chave, tive medo, mas hoje percebo a riqueza que é esse mundo e que privilégio é poder acessá-lo sempre que quisermos. A chave nos leva para todo um universo de conhecimento que nem todos estão preparados... Será que somos especiais ou amaldiçoadas? Quem sabe... E a Freira nua? Espero que já tenha descoberto quem foi. 

Anna
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Desafio de Férias - final




Oi Gente,

vim contar sobre o fim do Desafio de Férias que fiz no fim do ano passado. Ele ajudou-me muito. Como contei para vocês, tive uma crise e não tinha lido nenhum livro em Dezembro antes do Desafio. Mas tenho uma boa notícia: consegui ler todos durante o período do Desafio.

Lista escolhida:

1. Presságio - Assassinato da freira nua - Leonardo Barros


Resenha aqui.

2. Cândido ou Otimismo - Voltaire


Resenha aqui.

3. Entrevista com o Vampiro - Anne Rice


Resenha aqui.

4. O Vermelho e o Negro - Stendhal



Resenha aqui.

5. A identidade cultural na pós-modernidade - Stuart Hall


Resenha aqui.

Espero que tenham gostado! E desculpem o atraso da postagem. Por algum motivo não consigo diminuir o tamanho das imagens, então desculpem.Beijos!




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A identidade cultural na pós - modernidade - Stuart Hall



Hoje vivemos em uma época onde ninguém tem certeza de quem é. Os estudiosos estão chamando-a de Pós-modernidade. Época em que as identidades estão fragmentadas, onde os papéis de cada um estão em discussão, em desconstrução. 

"... as velhas identidades, que por tanto tempo estabilizaram o mundo social, estão em declínio, fazendo surgir novas identidades e fragmentando o individuo moderno, até aqui visto como sujeito unificado." (p. 7)

Stuart Hall busca trazer essa discussão para o livro "A identidade cultural na pós-modernidade". O sujeito agora é visto como um construtor de sua própria identidade, aliás o mesmo possui agora diversas identidades que podem inclusive serem contraditórias. 

A leitura me fez pensar em muitas posições minhas. Percebi que a sociedade nunca esteve tão difícil de entender. Eu mesma estou difícil de entender. quem sabe por isso, o clássico sempre encantou-me tanto... Será que foi medo do desconhecido?

Minha edição da Editora DP&A é muito linda. A mesma é pequena, a letra tem um tamanho considerável para leitura. É um livro curtinho, mas que convido a quem interessar a pensar sobre as mudanças que a Pós-modernidade nos está trazendo.
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quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Carta a um ingênuo... - Cândido - Voltaire




Cândido,


Tenho conhecimento de tudo o que aconteceu com você... Sei o quanto foi difícil, mas enfim estamos no melhor dos mundos possíveis. Podia ser pior. Cada situação que passamos nos ensina algo. As situações de quase-morte nos ensinam o quanto valioso é a vida. Até porque podemos ter perdido tudo, ter visto morrer pessoas que amamos, podem ter comido nossas nádegas, podem ter esquartejado nossa mãe, mas estamos no melhor dos mundos possíveis... Ah, temos muito o que agradecer... Espero que a partir de agora, você tenha aprendido e passe a cuidar mais de nosso jardim...

Anna
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segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Carta a um rapaz de vermelho ou negro... - O vermelho e o negro - Stendhal




Julien,

desde o momento em que vi você lendo no alto do depósito de seu pai, fiquei encantada... Eu sei como é nascer em uma família em que você se sente anormal. Também amo os livros assim como você. A Senhora de Rênal era uma verdadeira dama. Em muitos momentos, quis ser como ela... Em outros, eu quis ser ela... Você não percebia que ela amava você? Tive medo de você se perder nos braços dela. Mas depois você foi a Paris. Meu coração pensou estar a salvo. Mas nesse momento surge Mathilde de La More. Logo ela que tanto te desprezara? Tive raiva... Tive medo... Quis matá-la... Quis morrer... Perdemos cabeça... Mas você disse que a amava, não disse? Agora que você já não está aqui, só posso chorar... Será que valeu a pena? Vou todos os dias te ver, mas você já não está comigo...

Anna
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sábado, 4 de janeiro de 2014

O Vermelho e o Negro - Stendhal




Stendhal é o pseudônimo de Henri-Marie Beyle, escritor francês do início do século XIX. Admirador de Napoleão, escreve O vermelho e o negro que tem como protagonista Julian, rapaz que tem na figura do ditador uma inspiração para ascender socialmente.

O romance de Stendhal é considerado o primeiro livro realista da literatura francesa. É pioneiro também por possuir duas heroínas: a Senhora de Rênal e Mathilde de La More.  A primeira vive um romance com Julian Sorel quando o mesmo vai ser professor dos seus filhos. Mas como ela é casada, Julian é obrigado a sair da casa pelas suspeitas do marido. A segunda o conhece quando ele vai trabalhar para seu pai como secretário, já em Paris.

Julian é meu personagem preferido, por este demonstrar tanta humanidade. Também por ser descrito como um rapaz de pele muito clara e cabelos escuros e ondulados. Ele é um rapaz de uns 18 anos que sente-se estranho em sua família, pois vem de uma linhagem de madeireiros, mas não possui força para isso e tem um enorme amor pelos livros. Ele se ressente por não pertencer a nobreza, por isso reage de uma forma distante e rude a demonstrações de afeto por parte dos que pertencem a classe. 

Os romances do garoto são um deleite a parte. Sua paixão pela Senhora de Rênal nos fala de um amor inocente e puro. Eles estão descobrindo um ao outro, apesar da mesma ser casada. Já sua paixão por Mathilde é avassaladora. A moça quer fugir do tédio das pessoas de sua classe e escolhe Julian por parecer diferente dos demais.

A escrita de Stendhal é muito gostosa. Seus personagens são complexos e carismáticos. O enredo flui bem. Senti uma certa parada no meio da narrativa, mas logo o leitor percebe que é devido a divisão da história entre as duas protagonistas. 

As indagações de Julian nos mostra as revoluções que aconteciam no século XIX. Para ele, só conseguiria subir na vida, através da carreira militar (referência ao vermelho) e a eclesiástica (referência ao negro). Stendhal nos fala exatamente da França da época. 

A edição da Cosac Naiffy é maravilhosa. A capa é dura com uma imagem linda de napoleão (adoro!). A letra é boa para leitura e o papel não é fino demais. Amei a edição! 

O vermelho e o negro foi uma leitura maravilhosa! Li o romance em pouco tempo por ter um desenvolvimento divertido. Stendhal é um autor que sabe como criar personagens inesquecíveis!


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quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Entrevista com Vampiro - Anne Rice




Primeiramente quero pedir desculpas a vocês pela demora em publicar minhas impressões. Mas tenho um motivo: foi uma leitura bastante cansativa. Decepcionei-me muito com o livro. Quando o comprei, pensei que gostaria muito, já que amei o filme. Mas a realidade foi diferente...

A história é narrada por Louis em primeira pessoa, ou seja só conheceremos a versão dele para os fatos. Ele é transformado em vampiro por Lestat, praticamente o oposto de Louis, pois matar é a única diversão dele, segundo o narrador. Louis percebe sua vida imortal como uma maldição e passa muito tempo de sua vida sentindo-se culpado por desejar matar. Nós acompanhamos a vida dos dois até que conhecemos Cláudia, criança de 5 anos que é transformada também por Lestat e nos apresenta a maldade infantil.

A autora escreve bem. Minha tradução ajudou muito por ser da Clarice Lispector, quem eu admiro muito. A história foi bem elaborada. A vida imortal descrita como uma maldição pelos olhos de Louis é muito bem representada. 

Os personagens são bem construídos. Gosto de cada um de uma forma, pois eles apresentam diferentes facetas do mal. Essa discussão é encerrada quando Louis conversa sobre o tema com Armand, outro vampiro que conheceremos durante a trama.

A grande temática parece ser o conceito de mal e suas nuances e o desejo. Até onde o ser humano, aqui representado pelos vampiros, podem ir pelo desejo. E o Mal existe mesmo? Essas temáticas são tratadas de uma forma bem psicologizante. 

Agora, vocês estão se perguntando o porquê de eu não ter gostado. No início do livro, a narrativa é lenta e as crises de Louis me irritaram profundamente. Cláudia parecia ter saído de um filme de terror. Somente quando Louis conhece Armand comecei a gostar da história. Este personagem analisa junto com o protagonista as temáticas e o ajuda a agir. Louis ainda praticamente não agiu até conhecê-lo.

A leitura valeu a pena apenas por Armand. Sinceramente, achei o Louis uma prévia do Edward (desculpe-me os fãs de Crepúsculo). Terá sido uma overdose de vampiros? Quem sabe? Mas acho que não foi o momento. Talvez poderei dar uma segunda chance futuramente. Mas para quem gosta de vampiros, é uma boa indicação. 
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