Juan
Pablo Villalobos é um nome de muita promessa na Literatura. Nascido no México, mas morando atualmente no Brasil. Seu primeiro
romance “Festa no Covil” foi lançado originalmente na Espanha, lançado no
Brasil em 6 de fevereiro de 2012 pela Companhia das Letras.
Tochtli
é um menino que vive em um palácio cercado de luxo e mimos, mas sem poder sair
do mesmo por ser filho de um chefe do narcotráfico mexicano. O menino é que
empresta sua voz para que nós leitores conheçamos sua vida. Ele pretende nos
contar como conseguiu o que mais desejava: hipopótamos anões da Libéria. Mas na
verdade entramos no mundo onde o garoto vive. Um lugar onde a violência é
presenciada por todos os seus moradores.
O
primeiro livro do autor me comoveu muito. Tochtli narra com bastante inocência
as situações que presencia. A doçura do menino apaixona os leitores logo no
início do romance. Sua doçura contrasta diretamente com a dureza do seu pai e com a solidão que a criança sente. Ao ouvir uma notícia na televisão onde uma cabeça cortada é apresentada na tela, o menino percebe o desarrumado do cabelo do cadáver. A violência é percebida por ele como algo bastante banal.
A
primeira informação que temos sobre o personagem-narrador é que ele é
considerado precoce por conhecer palavras difíceis. Ele nos fala quais são as
palavras que conhece logo no primeiro parágrafo. São estas: sórdido, nefasto,
pulcro, patético e fulminante. Também usa essas mesmas palavras para descrever
tudo o que presencia. Elas são bastante vezes repetidas durante a narrativa, mostrando um traço muito comum em crianças da idade de Tochtli, repetir palavras recém descobertas.
A
linguagem usada pelo autor também me encantou. Em algumas cenas em que a
violência é bastante crua, a inocência de Tochtli destoa claramente do lugar em
que vive e das pessoas com que convive. A naturalidade com que o garoto fala, por exemplo da surra dada a um homem que vê em casa, nos mostra o trabalho minucioso do autor com cada palavra.
A
doçura com que Tochtli narrava sua vida também lembrou-me bastante do filme “A
vida é bela”, onde um pai também transforma a dureza da realidade de um campo
de concentração em uma brincadeira. Essa doçura só seria conseguida com a narração feita por uma criança, no caso do romance.
E
a capa? Simplesmente é a capa mais linda que já vi. Ela foi a primeira coisa
que me cativou. As imagens e figuras remetendo ao México, país que amo, são
lindas. E a imagem imitando xilogravura, arte utilizada também nos cordéis do
meu Nordeste. A cor laranja também chamou atenção. Enfim, ela está perfeita!
A
edição da Companhia das Letras apaixonando nós leitores, com além da capa, com
o papel amarelado e a letra de um tamanho perfeito. Festa no Covil foi uma
experiência literária absolutamente nova.
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