A
escrita da Andreza Rocha me chamou atenção pela sua habilidade de falar do
cotidiano de uma forma bastante diferenciada e poética. A observação
demonstrada pela autora nos faz repensar nosso dia-a-dia. Através de suas
palavras, o leitor faz um passeio juntamente com o narrador pelos ônibus, lugar
que normalmente nos passa despercebido.
A
estética é apresentada através dos passageiros, dos lugares, principalmente
pela paisagem vista através das janelas. Estas passam a ser telas de arte, onde
o olhar e a descrição da autora pintam o quadro que quer que vejamos. As cores
são usadas como símbolos, mas também como tintas para pintar o quadro exposto
pelas palavras do narrador.
O texto
ainda nos mostra referências bíblicas e também regionais, onde o leitor filho
de Fortaleza reconhece sua casa. Não só as praias, tão famosas e faladas, são o
símbolo da cidade, mas principalmente seus moradores e o seu cotidiano, que
através do olhar da autora transformam-se e revivem também nos nossos olhos.
Infelizmente,
no final, percebemos uma conversa direcionada ao leitor que não cabe para
finalizar o texto. Percebemos ainda a imaturidade literária da autora, mas
também percebemos seu enorme potencial. Seu olhar não pode ser desperdiçado, e
sua escrita só precisa ser lapidada pelo tempo.
Entrevista com a autora
1.
De onde
veio a ideia para seu texto?
Sou uma
frequentadora de carteirinha dos ônibus de fortaleza, e como sou muito observadora
todo dia tento tirar uma aprendizagem nova, seja um gesto dentro do ônibus ou
uma paisagem que vejo através da janela, tento não deixar escapar nada, pois
sei que poucos segundos podem decidir o meu humor do dia. E por fazer parte da
minha rotina resolvi expressar esse sentimento em palavras, e venho à
ideia de colocar na minha crônica.
2. Como foi seu processo de
escrita?
Bem
demorado, pois quando eu to inspirada haja papel e caneta! Ai eu percebo que
fujo da temática principal, reescrevo do zero, de repente não tem mais nada
haver com o anterior, eu dou muitas risadas quando estou aflita e no processo
de fazer o texto não foi diferente, faltando poucos dias pra me inscrever no
projeto pensei em desistir, pois me achava muito nova e desprovida do dom da
escrita, falei com alguns amigos sobre o meu texto e muitos se identificaram,
foi a minha maior motivação, resolvi escrever a minha redação no ônibus em meio
à turbulência, mas usando as palavras que me vinha na cabeça, naquele momento,
respeitando os detalhes. Tudo bem que deu trabalho para repassar a limpo, pois a letra tava irreconhecível, mas todo o esforço foi valido.
3. Como foi sua experiência em
participar do concurso?
Incrível,
nunca pensei em fazer parte de algo assim, em meio a grandes escritores, eu
sendo a caçula do grupo, me senti engrandecida pelo acolhimento, por ter tido
essa oportunidade de me expressar e conhecer amigos. Fiquei surpresa
comigo mesmo, me senti viva e cheia de esperança. Minha simples palavras
eternizadas em um livro. É muita alegria.