Oi Gente!
Vamos voltar a visitar o Pescaria, o movimento literário da cidade de Varjota - Ce? Para quem ainda não sabe nada do projeto, recomendo a leitura do post O Pescaria - grupo literário de Varjota-CE, onde você pode ter informações iniciais sobre o grupo.
Para que conheçamos mais sobre o grupo, fiz uma entrevista com um dos membros mais antigos, Mailson Furtado. Além de membro do grupo, ele também é escritor (poeta, contista e dramaturgo), ator, diretor teatral e produtor cultural e já possui dois livros publicados: Sortimento e Conto a Conto.
· 1. Fale-nos como surgiu o grupo.
Em novembro de
2012, ganhei a oportunidade de lançar meu primeiro livro, Sortimento, na X
Bienal Internacional do livro em Fortaleza e junto dele, levei Erasmo Portavoz,
parceiro de projetos e trabalhos culturais. Na oportunidade o evento estava
homenageando a Padaria Espiritual, movimento literário que deu origem à
primeira Academia de Letras do Brasil, a Academia Cearense de Letras.
Ficamos entusiasmados
com àquele ambiente e as trocas de experiências vividas e decidimos levar algo
daquela experiência à cidade a qual militamos culturalmente, Varjota, no sertão
Norte do Ceará.
Desta forma,
pensamos em uma maneira de como concretizar o que havíamos em planos. Veio
assim a ideia de um grupo literário, este intitulado Pescaria. Dentre os planos
do grupo estavam a publicação de um jornal literário para ser o meio de
comunicação do grupo, que ganhou o mesmo título.
Apesar de o
grupo não estar mobilizado, o jornal tomou sua forma e teve sua primeira edição
lançada em março de 2013, na Semana de Poesia organizada pelo Movimento
Cultural de Varjota.
O grupo
literário, no entanto, manteve-se inativo de abril até novembro, onde autores
que já publicavam e publicam no jornal tomaram a iniciativa de enfim mobilizar
um grupo que se reúna de maneira regular para discutir literatura. Dentre os
nomes desses autores estão: Mailson Furtado, Felipe Ximenes, Otávio M. Silva,
Erasmo Portavoz, Phelipe Gomes, Yane Cordeiro, Bruno Trajano, Geovania
Rodrigues, Gleiciane Lopes e Erineu Ferreira.
· 2. E o nome? De onde surgiu a ideia?
O nome veio da
ideia de onde seria inicialmente nossas reuniões, na praça matriz de Varjota,
onde em seu centro havia um peixe de concreto, onde em 2013, realizamos alguns
eventos junto com outros grupos culturais, como cinema na rua, apresentações
teatrais, músicas, entre outras ações. No entanto, essas reuniões não vingaram,
porém o Jornal sim e assim, o nome virou uma marca. Além disso, Pescaria
retrata a gênese da cidade de Varjota, que se ergueu como é hoje com a
construção da barragem Araras na década de 1950, assim a pesca, o peixe, o
pescador são símbolos unânimes, que retratam a cidade, que nos possibilitou
rebuscar e valorizar a cultura local. Além disso, conseguimos outra apologia
com este nome, onde somos pescadores de homens através das artes, as Letras.
· 3. Qual a influência do Padaria Espiritual para o
grupo?
A influência
restringe-se na organização como grupo, onde o estatuto que nos rege é
inspirado no programa de instalação da mesma. A apologia que fazemos a
elementos da pesca é semelhante aos que os padeiros faziam a padaria, no
entanto, nossa ideologia não segue a que eles seguiam.
· 4. Fale-nos sobre a ideologia do grupo.
Como ideologia,
seguimos a proposta de indagação sobre o que seja arte na atualidade,
principalmente voltada às Letras, a sua produção, a sua manifestação enquanto
elemento social. Assim, nosso movimento propõe extrema liberdade e permissão
para experimentação literária em seu maior âmbito de abrangência, buscando
ficar liberto de qualquer opressão que possa comprometer a expansão ou mesmo
propagação da ideia ou pensamento. Somos adeptos assim da filosofia abordadas
por Freire e Boal, em suas obras, respectivamente, na Pedagogia e no Teatro.
A ideologia da
Padaria foi bem semelhante aos preceitos propostos no Manifesto Pau-Brasil de
Oswald de Andrade nos anos 20, onde negava o pragmatismo literário da época e
visionava uma “nova” forma de fazer literatura, apoiada em elementos nacionais.
Nós não buscamos isso. Nem precisamos, afinal, os modernistas conseguiram fazer
isso e muito bem.
6. Qual a importância do movimento para a cidade?
De início é um
movimento de difusão da própria cidade, o que já marca por si só a identidade
da cidade por onde o grupo passa. A valorização aos elementos de origem da
cidade, como a imagem do peixe, pescador, é outro grande ponto de relevância,
já que reafirmamos os mesmos, valorizando e pontuando ainda mais a identidade
histórica da cidade. A promoção e o incentivo a produção e a leitura é outra
marca do nosso movimento, que realiza tais ações, através de intervenções e
eventos aos quais organizamos ou participamos, sempre apresentando a
importância de se ler.
Agradeço muito a entrevista dada pelo Mailson e a oportunidade de conhecermos melhor esse grupo incentivador da literatura no nosso estado. Aguardem também a entrevista com outro integrante: Felipe Ximenes!!! E também um convite...
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