quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

O Diabo - Tolstói #3 Conto



"E na realidade, se Eugênio Irtieniev era um doente mental, então todos os homens são doentes mentais do mesmo modo; e os mais gravemente doentes da mente são sem dúvida aqueles que descobrem nos outros sintomas de loucura que não descobrem em si mesmos."

Em tempos de feminismo, deparo-me com O Diabo, de Leon Tolstói, cuja temática polêmica do conto, o impulso sexual desenfreado dos homens, vai na contramão a tudo o que é defendido por elas. Eugênio é um rapaz que sofre por conter um imenso impulso sexual, mas por também considerá-lo inadequado. O Diabo é um dos contos mais famosos do Tolstói. E foi também o conto que eu mais gostei do livro O Diabo e outras histórias publicado pela Cosac Naiffy. Primeiramente pela Segundo pelos personagens carismáticos e pela escrita muito envolvente.

O conto nos narra inicialmente o desespero de Eugênio por sentir desejo sexual, segundo ele em demasia, mas como não quer decepcionar a familia, no caso seu pai e seu avô nunca se envolveram com as camponesas, fica desolado. Mas ele pede a Danilo que encontre uma camponesa, mas justifica-se afirmando que é um caso de saúde. Danilo encontra uma moça que vai se deitas com Eugênio de bom grado. Aos poucos o rapaz percebe que a moça é casado com o filho de um dos seus empregados e fica bastante envergonhado. Mas como é questão de saúde, ele continua, lembrando-se sempre que quando for se casar que tudo terminaria. Chega a hora do casamento. Eugênio casa com Liza e tudo parece bem. Mas O moço começa a ver a camponesa nos momentos em que precisa vistoriar a fazenda. O impulso de deitar-se com ela é tanto que o rapaz entra em desespero. Até que toma uma terrível decisão...

A escrita do conto é bastante linear, sem muitas complicações. O tempo é mostrado segundo os acontecimentos narrados por um narrador em terceira pessoa, mas que conhece todos os pensamentos do personagem principal. Este bastante complexo em sua construção, onde o leitor percebe o desespero do rapaz e passa a também ansiar por esse momento.

Tolstói fala em seus diários, segundo sua biografia, que também passa por esse terrível sentimento que perpassa todos os homens segundo o autor. Acho que na verdade perpassa todas as pessoas... Mas naquela época, o autor qainda via a mulher como algo apenas para o amor e filhos, não para divertimento. Sua esposa, inclusive também confirma seu conceito ao dizer que sente nojo do marido ao descobrir suas paixões pelas camponesas da fazenda. 

A ansiedade causada por paixões fora do relacionamento oficial ainda hoje perpassa-os como um problema. O ser humano sente o impulso do prazer de uma forma bastante forte, mas as convenções da sociedade nos dizem que precisamos ser fortes e dizer não, principalmente nós mulheres. 

Ainda não possuo opnião formada sobre o assunto, mas percebo o quanto o tema do conto ainda hoje nos é atual. Peço que as feministas entendam o contexto da época e percebam Eugênio como um ser humano. Suas ansiedades e dúvidas são as de qualquer ser humano, seja ele homem ou mulher.b Quaisquer outro modo de ver, para mim, seria um anácronismo com o autor e sua obra.




3 comentários:

Guilherme de Almeida disse...

Nossa, amei sua resenha, vou procurar mias sobre esse livro, fiquei realmente muito entusiasmado :). Ei, eu lhe indiquei para uma Tag, caso quiser responde-la:

http://umlivreirosonhador.blogspot.com.br/2014/02/tag-o-primeiro.html

Abraços!

Unknown disse...

''Primeiramente pela...'' ?
Eu preciso ler esse conto hehe
Gosto dos teus comentários, sempre me despertam uma vontade de conhecer a obra.
Lerei esses dias e comento no blog também. ^^

Beijos
Rafa
http://sonharnostemposdoagora.blogspot.com.br/

Anônimo disse...

Eita, quero ler este conto. Quando ler vou procurar trocar experiências de leitura com você. Que temática interessante em ser abordada e pensar que foi Tolstói que escreveu, estou curiosa em ler. Obrigada pela indicação.
Beijo,
Jéssica, d´O Feminino dos Livros.

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