1.
O conto "Relatos da Minha Terra", Vanessa Paulino me
emocionou bastante. Primeiramente por falar da minha cidade. Apesar de
eu não ser muito fã de literatura regionalista, a escrita da Vanessa me fez lembrar-me
de muitos lugares queridas da minha cidade. Longe de ser considerado
regionalista, o conto nos fala do processo de escrita do próprio conto.
A escrita do conto foi feito para que o leitor sinta-se em um
processo de construção de uma colcha de retalhos. Cada cena, diálogo, lembrança
é uma parte dessa imensa teia que nos mostra tanto a cidade descrita, como o
processo de escrita da autora.
Sua narradora é uma senhora idosa, mas que me parecera fazer parte
das cenas narradas. Ora pensei que a mesma apenas narrava o que via, ora que
ela está descrevendo lembranças suas. Apenas no fim do conto, o narrador passa a
ser um senhor idoso. Se estiver narrando cenas observadas, o narrador é chamado
de flaneur, termo criado por Baudelaire.
A escrita também nos mostra a construção desse olhar falado no
título. Um olhar muito particular da autora, mas que nos faz querer conhecer
mais seu universo pessoal. A escrita de todo autor é como a construção de um olhar, feito através da subjetividade de cada um e transformado em palavras. Esse olhar nem sempre é pessoal, mas sempre tem algo de pessoal nele.
Entrevista com a autora
1. De
onde veio a ideia para seu texto?
Do
título do concurso: “Minha Terra, Minha Vida, Meu Olhar”. Sou obcecada pelo processo de criação literária, pelo falar da própria escrita, isto é, de todo
esse processo metalinguístico. Em geral, não tenho o hábito de escrever pautada
em temática regionalista, por isso, ao observar o título, pude desafiar-me a
escrever imprimindo meu olhar sobre nossa terra e, também, minha paixão pela
escrita.
2. 2. Como
foi seu processo de escrita?
O
processo de escrita foi sedimentado num alicerce de incertezas, num processo de
mistura entre ficção e realidade, em que não se pode distinguir a primeira da
segunda. O fato de o conto estar em primeira pessoa reforça, ainda mais, essa
ideia. Outro fator que enfatiza essa noção de realidade são as minuciosas
descrições dos personagens, tanto físicas, quanto psicológicas, e ainda, das
paisagens que pouco a pouco vão sendo descortinadas pelos leitores, mostrando
quem são: Ponte Metálica; Praça dos Leões; Beira-mar; Praia da Barra. Outrossim,
há uma progressão temporal na qual temos uma criança, uma adolescente, uma
jovem-mulher e um homem maduro, um velho. Todos esses personagens, com suas
respectivas histórias, são interligados através da narração da velha, que
constrói uma espécie de colcha-de-retalhos com sua escrita por meio de sua
memória, instigando sensações e curiosidades naqueles que leem.
3. Como foi sua experiência em participar do concurso?
3. Como foi sua experiência em participar do concurso?
Foi
minha primeira experiência com um concurso literário. O mais interessante é que
o concurso foi, para mim, um desafio. Explico-me: escrever sobre uma temática
que diverge de minhas preferências, a indecisão de enviar ou não o texto, –
mandando-o, de fato, no último dia de inscrição - tudo isso foi inusitado.
Todavia, o melhor foi ter tido a oportunidade de conhecer escritores
talentosos, compartilhar experiências de escrita, etc.
4 comentários:
Woooo, ainda quero ler os textos da Vanessa, sempre cheios de elogios.
Beijo
Obrigada, Neyara. Leia sim, e faça sua crítica. Afetuoso abraço!
Parabéns Vanessa. Tudo de bom! Vá Além!
Abraços!
Vários retalhos, quase todos tendo o mar como linha que os une. Muito bom!
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