segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Tristezas da lua - As Flores do Mal - Charles Baudelaire



"É noite, a lua sonha ainda mais preguiçosa;
Tal como uma beldade em muitos travesseiros,
Que afaga com a mão distraída e dengosa,
Antes de adormecer, o contorno dos seios,

No dorso acetinado das moles nevadas,
Moribunda, se entrega a longas aflições,
E lança o olhar a brancas visões já passadas
Que sobem pelo azul tal como florações.

Às vezes nesse globo, em seu langor passiva,
Ela deixa escorrer a lagrima furtiva,
Um poeta piedoso, do sono inimigo,

Na palma da sua mão pega essa gota rala,
De brilhos irisados, fragmentos de opala,
E a põe no coração, do olhar do sol ao abrigo." (p. 86)

Fonte: BAUDELAIRE, Charles. As flores do mal. Tradução: Mario Laranjeira. São Paulo: Martin Claret, 2011.

2 comentários:

Anônimo disse...

Baudelaire é inebriante! Seduz a sentidos que outros e nos transporta a mundos e cada palavra.
Obrigada por compartilhar este poema de Baudelaire!
Beijo,
Jéssica, d´O Feminino dos Livros.

Berê disse...

Jorge Pontual acabou de declamar essa linda poesia!

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