A morte é um dos temas mais recorrentes na obra de Tolstoi. Este que é um grande nome da Literatura Russa. Uma das primeiras aparições do tema foi no conto “Três mortes”, localizado no livro O Diabo e outras histórias e publicado pela Editora Cosac Naiffy. Em uma edição lindíssima em capa dura, papel amarelado e mais duro. Traduzido direto do russo por um grupo de ex-alunos da USP supervisionados pelo Paulo Bezerra, respondendo também pela seleção e apresentação. (fonte: Site da Cosac Naiffy).
O conto descreve a
morte de três seres: uma mulher aristocrática, um homem servo e uma
árvore. O fim inevitável é percebido de forma diferente pelos três
seres. O narrador que nos apresenta a situação de cada um nos fala
em terceira pessoa, mas nos mostra os sentimentos e pensamentos de
cada ser.
A mulher aristocrática
apresenta a necessidade de um ritual ao descobrir a morte que viria.
Ela não aceita, obriga o marido a abandonar a casa e os filhos para
juntos irem em busca da cura que de nada adiantará. Seu marido e o
médico em vão tentam mostrá-la que o fim chegou. O ritual católico
de perdão não alivia de forma alguma esse momento visto pela jovem
mulher como desesperador.
Já o servo já espera
pela morte de uma forma mais tranquila, mais serena. Pois sua
religião é o natural. Este não espera uma vida no outro mundo.
Espera apenas terminar o ciclo de sua vida. Apesar de ainda se
agarrar aos seus pertences, podemos constatar um maior
desprendimento, já que este não possui mais nada. Sua vida só
valia enquanto tinha força de trabalho.
A Árvore morre de uma
forma natural. Observando o fim de um ciclo. Ela já sabe que o fim
virá, não importa quanto tempo demore. Sua morte é lenta e bela. O
tempo parece não existir para esse ser que espera pelo descanso.
A morte nas obras de
Toltoi trata-se de um momento em que outro ciclo precisa recomeçar.
E apenas cabe aos envolvidos aceitar. Este momento pode ser belo e
sublime como a morte da árvore em uma tarde de primavera, mas também
pode ser difícil e doloroso como o inverno e a morte da
aristocrática.
A crítica ao
Cristianismo vazio é revisitado pelo autor também em outras de suas
obras, mas em Três mortes aparece de uma forma bastante sutil.
Mostra como as pessoas fingem acreditar nesta outra vida, mas querem
ficar enraizadas nesse mundo sempre por mais tempo.
A forma como vamos
encará-la depende de nossas crenças e valores, mas penso que a
forma bela de morrer de uma árvore nos traz lindas lições. A morte
deve ser encarada como algo natural e esperado. Se iremos conhecer
outros mundos depois dela, não nos interessa agora. Somente devemos
esperar morrermos em uma bela tarde de primavera...
7 comentários:
Adorei a resenha, estou com uma vontade louca de ler essa obra agora.
http://depoisdoslivrosblog.blogspot.com.br/
Oi Lua, tudo bom?
Creio que a morte seja um daqueles assuntos em que não é bom tocar pela grande divergência de opiniões. São tantas as especulações de vida após a morte desnecessárias.
Acredito que devemos viver até nosso ciclo acabar, como no conto acima.
Ótima resenha.
Beijos,
Gabriella Suzart
http://mbgsuzart1.blogspot.com.br/
Eu gosto desse tipo de livros que tem um tema bem profundo com a morte, eu estou aprendendo a lidar isso com as obras de Erico Verissimo, apesar de ser duro, deixa o livro ainda mais emocionante! Amei a resenha Lua, beijão!
cartas-e-poesias.blogspot.com.br
Caramba o autor está entre meus clássicos ainda a ler, não li nada dele por enquanto mas após os Miseráveis é a vez dele!!!
http://conversandodragoes.blogspot.com.br/
Lua, Tolstoi é um autor que eu ainda não li, mas que tenho muita vontade de ler. Muitos dizem que é uma literatura pesada, e de fato é, mas quero muito arriscar. Afinal, é cultura, né?!
Beijão,
Caroline, do criticandoporai.blogspot.com
Interessante ele abordar três tipos de mortes diferentes no livro. Além disto, a relação da natureza e o ser humano sobre o assunto da morte. Pode ser uma critica ao catolicismo. Achei bem legal! Vou ler!
Beijo,
Jéssica, d´O Feminino dos Livros.
Acredito que tenha se precipitado ao dizer que a árvore morreu de maneira natural, só para clarear a mente, a árvore foi assassinada pelo cocheiro que a cortou com um machado, pois prometeu ao servo que faria uma campa para ele quando este morresse. Então ele precisou cortar a árvore para poder fazer uma cruz.. Sendo assim, a morte dela não foi natural, mas sim selvagem, pois foi cortada do lugar em que estava.
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